terça-feira, 5 de julho de 2016

Ainda sobre os Mediterraneios



Ainda sobre os Mediterraneios


Enquanto sofremos de tempos verbais
o mar dispensa gramáticas
num paraíso que não é mais nosso.

O destino incontornável de Perséfone
metade abissal, metade olimpos
me diz que tudo é degredo,
seja semente de romã ou pedra de Sísifo.

Não há saída num castelo de espelhos!
Há que se submeter ao ataque em pleno cadafalso
quando um último anjo então
surgirá em voos convulsivos,
 apenas a ponta de um iceberg.

As maiores decolagens 
hibernam um plano divino:
escondem seu jugo
num harém de sonhos mirabolantes
em patíbulos.

A nós resta a condenação do amor às miragens
 atravessando as realidades que somos, 
refletidos e únicos,
assim como um par de asas
dono intacto de um mesmo voo.