segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Prana


Prana


Minha lira também afina cordas de fogo

para incendiar seus desconsertos!


Mesmo o travo na garganta

é a possibilidade de um novo canto rouco

despertando velhos antídotos.


A estória saberá encaixar seu enredo de meadas

onde todas as linhas se encontram,

onde todas as contas são prelúdios de oração.


Permanecerão sem resposta, no entanto,

os beijos que atirei ao vento em tempestades,

lábios que tocaram um enxame de vespas enfezadas

nas espáduas de Atlas, antes do roubo dos pomos.


Perdas incontáveis também ficarão sem registro.


O silêncio prevalescerá vivendo seus escritos,

perpetuando memórias que dispensaram palavras

ainda que o peito aberto imortalizasse cada partida,

e cada apito em sopranos dos trens coloridos

que se foram levando estações eternidade afora

soasse como primavera que jamais atingisse um fim

florescendo verdades cruas e essenciais,

um destino de Rio em sede de Oceanos...