segunda-feira, 17 de junho de 2019

A Mandala de Cinzas



A Mandala de Cinzas


A resina dos incensos espalha sua essência

por ceder resignada à combustão de seu destino

disseminando, estratosférica, todo um percurso em alcances.


Apenas o tempo para conjugar os fatores no infinitivo

em seu espartilho de vidro e cinzas

sem métrica alguma que lhe seja cúmplice.


Em contagem regressiva

também os foguetes são lançados

para além da gravidade

como se a areia fosse uma experiência imperceptível,

independente da posição

em que a ampulheta do acaso estiver.

Num palco inafiançável por marionetes invisíveis

a vida, urgente coreografia

deverá ser irremediavelmente dançada

mesmo que jamais compreendida de antemão:

Impreterível esgrima sem máscaras.


Mesmo que o cenário todo se insurja

e seus atores colapsem, é este o preço.

Moedas de sangue

sem qualquer possibilidade de câmbio,

no mosaico longínquo da pavimentação.


Voar é uma questão de escolha


Sejam reis ou escravos,

todos sustentam o gosto cru

da mesma prisão sem portas.