Prana
Minha lira também afina cordas de fogo
para incendiar seus desconsertos!
Mesmo o travo na garganta
é a possibilidade de um novo canto rouco
despertando velhos antídotos.
A estória saberá encaixar seu enredo de meadas
onde todas as linhas se encontram,
onde todas as contas são prelúdios de oração.
Permanecerão sem resposta, no entanto,
os beijos que atirei ao vento em tempestades,
lábios que tocaram um enxame de vespas enfezadas
nas espáduas de Atlas, antes do roubo dos pomos.
Perdas incontáveis também ficarão sem registro.
O silêncio prevalescerá vivendo seus escritos,
perpetuando memórias que dispensaram palavras
ainda que o peito aberto imortalizasse cada partida,
e cada apito em sopranos dos trens coloridos
que se foram levando estações eternidade afora
soasse como primavera que jamais atingisse um fim
florescendo verdades cruas e essenciais,
um destino de Rio em sede de Oceanos...