Mandrake
O existir, esse rio que passa seu destino amargo
de pão ázimo entre estrelas e estigmas
sem revelar foz ou nascente, apenas travessia...
Hologramas de pedra, os faraós de Abu Simbel
não sobrepujaram o nascer do sol
na areia branca do deserto da Núbia.
O mesmo sol que a seu próprio modo
abriu veios de luz pelos corredores dos templos
e que eu não dei fé...
Quando acordei do sonho,
as paredes reverberaram reflexos
que jamais pude prever em qualquer vigília.
Sua ignição queimou minhas pegadas
e não encontrei de imediato a saída desse labirinto.
Tateei então sobre as cinzas do tempo
até surgir minha própria clarividência,
cega e livre de todos os vestígios para voar.
Mas isso foi muito tempo depois
quando aprendi finalmente que em todos os capítulos
havia sempre uma fada escondida
para cada lição invisível.
Não fosse o condão,
heróis, príncipes e princesas
nada mais seriam que anônimos
de páginas potencialmente ilustres.
Cabe ao preço das cicatrizes
o voo da fênix que nem vento desfaz.