terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Mandrake

 

Mandrake


O existir, esse rio que passa seu destino amargo

de pão ázimo entre estrelas e estigmas

sem revelar foz ou nascente, apenas travessia...


Hologramas de pedra, os faraós de Abu Simbel

não sobrepujaram o nascer do sol

na areia branca do deserto da Núbia.


O mesmo sol que a seu próprio modo

abriu veios de luz pelos corredores dos templos

e que eu não dei fé...


Quando acordei do sonho,

as paredes reverberaram reflexos

que jamais pude prever em qualquer vigília.


Sua ignição queimou minhas pegadas

e não encontrei de imediato a saída desse labirinto.

Tateei então sobre as cinzas do tempo

até surgir minha própria clarividência,

cega e livre de todos os vestígios para voar.


Mas isso foi muito tempo depois

quando aprendi finalmente que em todos os capítulos

havia sempre uma fada escondida

para cada lição invisível.


Não fosse o condão,

heróis, príncipes e princesas

nada mais seriam que anônimos

de páginas potencialmente ilustres.


Cabe ao preço das cicatrizes

o voo da fênix que nem vento desfaz.