Tiberíades
a meu Pai
“Porque eis que se pode dizer com toda verdade:
um é o que semeia, outro é o que ceifa.
Enviei-vos a ceifar onde não tendes trabalhado;
outros trabalharam, e vós entrastes nos seus trabalhos.”
João 4, 37-38
As flores de mostarda eram um tapete tênue sob o velho carvalho.
Sua dignidade solitária naquele campo em Oregon House
surgia soberana em sonhos amarelos de Van Gogh
num mês de Abril.
Puro delírio...
Beith El comparou o grão de mostarda ao Reino dos Céus
na mais estreita parábola que ensinou aos homens. (Mat 13, 31)
Pelos prados e colinas, sua voz vibrava
como os cantos dos pássaros
que alimentam o espírito.
Ainda que sem testemunhas de seus voos
ou da visão fantástica de suas cores e matizes
a revelar o ton sur ton
das notas musicais entre as folhagens,
a melodia dos passarinhos
se faz presente e exata a olhos invisíveis.
E as asas de Yassu estavam o tempo todo ao nosso redor
num abrigo de abraços em ninhos internos
com o ar de todo o vale tragado em fôlegos rasantes!
Tudo ao mesmo tempo...
Assim como os anjos no sonho de Jacó
no degradée
do mesmo subir e descer,
o caminho é único entre Céus e Terra:
não há contramão.
No milagre
da multiplicação
os deuses trazem a fome com o pão embaixo do braço.
Ein Karem 10.03.14