Flores que nascem das pedras
A
ordem é recomeçar cada manhã
com
a simplicidade tenra
de uma rosa,
aquela que
não questiona sua condição
de refém num amplo jardim
como prisioneira de outras cores
de refém num amplo jardim
como prisioneira de outras cores
ou mesmo o firme corpete de espinhos
durante seu tempo de vida útil embaixo do sol.
O
húmus é cego e justo.
Enquanto
o
perfume de cada pétala
emite
um valor essencial em notas
e aromas,
a
flor em si
não sustenta rótulos ou preços
pela
ascensão unânime de sua natureza bela...
Ela
existe.
Essa
cotação definitivamente
não conhecemos.
Entra-se
pelo pórtico do
jardim
com
os bolsos vazios de
sementes,
por
isso a entrega é íntegra e resoluta
e
a rosa fica assim, ela mesma
sendo
o próprio jardim traduzido numa única pétala.
É
a rosa que mantém meu coração
batendo
seu ritmo de cristal,
por
ela todos os poros se respiram outras flores
e
a cadência íntima de existir atento
permanece
isenta de qualquer outra estação
que
não seja agora.
Calo
se as palavras saltam em efêmeros,
para
conjugar então o puro silêncio das hortaliças
e
esperar as porventuras das sementes expostas de um último verão.
Mas
a simplicidade da rosa que
surge todos os dias
ainda
que seja a mesma flor no mesmo canteiro
tem
que valer todo um jardim
e seu tênue virtuosismo
abraçar um céu inteiro!
e seu tênue virtuosismo
abraçar um céu inteiro!
Sobreponha-se
sua virginal inocência
à
raridade das orquídeas que comovem Hollywood.
Para a justiça do húmus
todas serão apenas flores:
puros
sonhos de clorofila
que
desconhecem holofotes
ou
o farfalhar de ramalhetes nos celofanes,
expressões
do mesmo solo
transmitido
em símbolos diferentes
na impermanência bela de
um único destino.