Sinai
Pela perspectiva do deserto imerso no mar,
tudo é uma questão do azul ultramarino no horizonte
ao verde quase translúcido contando ondas serenas
em longas pautas ao longo da praia cerzida de pedras.
Eu trouxe um abismo para contar nos dedos
da superfície alta das montanhas distantes
onde um perfil de céu se esconde recortado
entre neblinas e luzes
enquanto um navio de presságios cruza a paisagem.
Meu coração se partiu como o mar de Moisés
buscando oceanos de compreender
essa redução de felicidade a conta-gotas
que os faraós oferecem como o óbolo
de uma matéria proibida pela censura.
Eu sou o lugar onde o deserto beija o mar
e ambos se esquecem deles mesmos
para incondicionalmente se perderem na substância um do outro
sem avisos, sem tempestades ou turbilhões
que não o mais puro amálgama
de algo que se move nas entrelinhas criando paisagens marinhas
por onde mergulho em busca dos versos trôpegos junto aos peixes.
Ergui catedrais sem paredes
para que a memória de Deus atravessasse a nave sem reservas…
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