Mouraria
a Magali Merola
Se um fado viesse cantar em mensagens de ansiedade
tantas histórias de um tempo de não existirem cantadores
ao som dos personagens vagando as ruas da Alfama
tomaria da guitarra seu pranto de rio magoado
e comporia meu Tejo num murmúrios de vinhedos.
Tragam-me um pão que adivinho, por clarividência de Caronte
as notas de todas as canções não inventadas
porque tua música é meu vinho
e entre verbos e saudades, conjuguei todos:
cem modos de embriaguez, indicativos ou subjuntivos
e bebo aos goles o presente para não engasgar o passado.
Na palma da minha mão teu nome foi escrito.
Foram sonhos? Se em tatuagens ou cicatrizes já não sei...
Os calos que as facas deixaram em queloides caligrafias
cobriram a tua história. Mas teu coração de cigana
cresceu pulsando sua dança as estradas da minha alma
sem deixar pistas, apenas um vago perfume
que me orienta em noites de chuva e me levam ao mesmo rio
em que comecei a cantar teu Fado com a voz da minha infância.
Teu condão dividiu meu mar em dois
e fez da cisão um Oceano
onde volto todos os dias
a ser peixe em tua coreografia celebrada.
Tua Obra é meu ofício
Eterna Musa, Luz dos meus dias!
Flor do meu peito que se abre, mais nada…
28.12.13
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