Arpeggio
a Fabio Crescimano
Sopros
de Vayu em meus ouvidos traduzindo o impacto da paisagem,
gosto
da travessia que um faro no vento
sugere
olhar sempre com a novidade das lentes
em
caleidoscópios.
Acordar
todas as manhãs e avistar-se num quarto de espelhos:
na
imagem multiplicada, um alvo real para os dardos da miragem.
Permanecer
no eixo, alerta dos 360°
que circundam tempestades
não
tem fórmulas que apaguem exércitos de ilusões.
É
preciso forjar uma espada a cada dia...
...brisa
de Éolo derrubando titãs.
(Uma
criança surge numa das margens e atira seixos na água.)
Círculos
concêntricos na superfície do lago
não
determinam a profundidade da pedra lançada ao acaso.
Ondas
continuam ad infinitum
para
além das margens,
quando
aquela visão tenra de sorrisos e cores infantis
já
tiver se transformado em homem
e
a pedra for realidade submersa esquecida num
lodo de algas.
Arpejos
Maruti
atravessou da Índia ao Sri Lanka num átimo
para
resgatar Sita sem a pretensão de ser herói de saga alguma.
O
Mahayana foi composto de ciclópicas verdades
na
dimensão de células microscópicas
moventes.
Linguagem.
Permanecemos
com a serena perturbação
que
ensinam as lendas,
desaprendendo
as tabuadas e as réguas:
gênese
constante.
A
hora original?
Surpresa legítima
que
só os ventos
sabem contar de trás pra frente.
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