quarta-feira, 18 de junho de 2014

Arpeggio



Arpeggio

                                                                                  a Fabio Crescimano


Sopros de Vayu em meus ouvidos traduzindo o impacto da paisagem,
gosto da travessia que um faro no vento
sugere olhar sempre com a novidade das lentes
em caleidoscópios.

Acordar todas as manhãs e avistar-se num quarto de espelhos:
na imagem multiplicada, um alvo real para os dardos da miragem.

Permanecer no eixo, alerta dos 360° que circundam tempestades
não tem fórmulas que apaguem exércitos de ilusões.

É preciso forjar uma espada a cada dia...

...brisa de Éolo derrubando titãs.

 (Uma criança surge numa das margens e atira seixos na água.)

Círculos concêntricos na superfície do lago
não determinam a profundidade da pedra lançada ao acaso.

Ondas continuam ad infinitum
para além das margens,
quando aquela visão tenra de sorrisos e cores infantis
já tiver se transformado em homem
e a pedra for realidade submersa esquecida num lodo de algas.

Arpejos

Maruti atravessou da Índia ao Sri Lanka num átimo
para resgatar Sita sem a pretensão de ser herói de saga alguma.

O Mahayana foi composto de ciclópicas verdades
na dimensão de células microscópicas moventes.

Linguagem.

Permanecemos com a serena perturbação
que ensinam as lendas,
desaprendendo as tabuadas e as réguas:
gênese constante.

A hora original?
Surpresa legítima
que só os ventos sabem contar de trás pra frente.






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