sábado, 9 de janeiro de 2016

Os Livros Proféticos



Aeon

                                                             a MLML

Fé na estrada que ruge de vez suas arestas
apontando torta um destino aos escalenos
e reduzindo toda meta e compasso
ao limite de um beco mordaz e sem saída!

Não. Traçarei novamente meu antídoto
e farei dele uma esquina para todos os mundos
armando o coração como um sabre de beduíno
para afagar as lâminas que abrirão caminho
pelo Mar Vermelho.

Meu sangue é meu preço
perante a chama do dragão impune que o tempo esconde
em relógios galvanizados por ímpeto de fogo tenaz
enquanto retinas persistem
num grito por Vulcano.

Que deus regurgitado rasparia esse cadinho?

Reinventar um mito que refaça a vida
do fundo do tacho de nossas esperanças!

Que resgate do mosto 
a louca embriaguez perdida
na miragem daquilo que um dia
 ousaram chamar razão.

Fênix de rastros que conhece de perto
a dança vibratória das najas fulminantes!

Restam dois enigmas para a esfinge:

- Este laboratório às escuras
não adivinha os efeitos da vida ao ar livre.

- Martelos, definitivamente,
não abrirão picada mato adentro.

Tudo é um fio colorido no espaço pela ilusão do tempo.

Resta-nos a obrigação de sermos grandes
apesar do limite de carne e sangue.

Ergue-nos a precisão de mais um sorriso a estender
nossa capacidade elástica além das medidas:
rugas e intempéries no rosto 
calmamente resignado
 à impiedade dos calendários.

Ressuscita-nos a febre da redenção conjunta
de todos os que assinaram nosso livro a ferro e fogo:
tatuagem imposta pelo dever de refletirmos estrelas unânimes
com a mesma clareza e dor
de todos os amanheceres ainda por vir.

É usar nova pintura de guerra e partir urgentemente!

A única certeza é que todo sol dói seus brilhos.

Apenas para adoçar essa comitiva de palavras
que me ensinaram a placidez das esfinges
e a abrangência silenciosa das pirâmides?

Não. Nenhum enigma é gratuito.

Tanto Jacó quando Hefesto pagaram seu fado telúrico:
um, pela bênção do Anjo
o outro, pela queda do Céu.
Ainda que em cânones diferentes
ambos mancaram sua vez.

Persisto.

Antes claudicar sob o céu de Tétis
a apostar cegamente em asas de cera.
Elas não forjam nenhum Olimpo
nem realçam o mármore lapidado de qualquer friso.


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