domingo, 13 de março de 2016

Dom Sebastião: O Retorno


Dorso

Mosaicos de ouro
na luz do sol percorrendo a casa vazia e suas paredes:
relógios outros que os cantos e rodapés não acompanham.

Eu vou à janela dos infantes
nesta manhã de nevoeiro
esperar por El Rey, o Desejado.

E vejo no jardim adormecido
as íris roxas e a hera que cresce.

O passado é uma medusa
que só se pode avistar por reflexos incidentes e transversais
sem risco então de congelar no tempo
um estandarte de dor
em forma de coração.

Para esta primavera de despedidas
não semeei novos canteiros,
assim, apenas as flores mais persistentes germinaram
da fertilidade obstinada das sementes mais fortes
que surgem cores inesperadas
celebrando a paciência e sabedoria do húmus
que por sua vez, aprendeu a dosagem de fermento
com o magma sagrado dos vulcões
que jamais se estinguem.

A diferença entre os seres vivos
é uma questão de densidade.

mosto
malte
restilo
a transparência estática das garrafas
não conhece o decantar dos campos de colheita:
imolação e glória no Valhala




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