sábado, 26 de agosto de 2017

Sândalo



Sândalo

O Amor, fluente em todas as línguas
é um leão entre os homens,
sol que tudo penetra e revela
impregnando a quietude fria e úmida da floresta
inebriada pelo aroma da resina dos sândalos,
rei desperto reconquistando seus domínios
do jugo da escuridão e sonhos de exílio.

À luz, custa o exercício físico da combustão.
Mas a dor do fogo
acende um céu inteiro refletido na paisagem
da qual somos pássaros
declinando abismos em ousadia de voos
dos quais somos lendas
imitando a sutil impermanência das nuvens
expandindo céus & quandos.

Assim, a fênix teve por graças 
o presságio de seu incêndio
e fechou-se então um livro ainda em brasas.

Finda fábula abençoada em cinzas
enquanto a exatidão da lenda persiste no calor dos dias
e as grades, derretendo, prescrevem sua babel
vencidas pela manhã que surge infinda,
fosforescente, cometendo a própria luz.






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