a Jean Rondeau
Eu vi um menino correndo no deserto
perseguindo peixes que só as areias conheceram
num oceano que rebenta no meu peito todas as manhãs.
E ele me entendeu com aquele mar azul de olhos
e disse de seus abissais por entre as nuvens:
Tudo - incondicionalmente - é parte da engrenagem da Luz.
Cumprimos assim a trama no tecido de existir
porque os urdimentos nos conduzem obeliscos
pela única razão do céu que apontam.
Não há destino. Existe é construção.
Quando voltei a Ácaba, já tarde da noite
jurei que nunca mais o canto dos muezins
seria uma garantia de graça ordinária cinco vezes ao dia.
Aprendi então que os minaretes são uma lição de alerta
sobre sermos eternas sentinelas em posição de sentido.
Com frequência
a vida muda em 360o
enquanto teimamos em permanecer a 45
insistindo nos binóculos ao contrário
e vestindo dominós que nunca rimam.
O deserto está por dentro e é dali que tudo começa
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