À Terra
O arado jamais pensou no prazer tenro das uvas
e o vinhedo desconhece por completo
o delírio consubstancial dos sentidos
que num cálice contém toda uma fábula.
O tempo germinou o que um dia foi plantio,
tornou-se colheita e destilou seu vinho depois.
Quando o futuro mostrar-se um projétil no escuro
o solo será outra vez preparado e dele surgirão novos frutos.
A natureza criará mais uma vez
o combustível para alcançar estratosferas
onde os termos de medidas
não mudam apenas perspectivas,
mudam mapas.
Os céus trarão a chuva necessária para irrigar os campos
e a metáfora do suor compreenderá então
a alquimia que custou o amanhecer
de todos os dias da eternidade!