Taranto
A
Amyr Klink
Por um gole de água fresca no meio dos juncos,
longe do raso das matilhas, os poemas vão abrindo
vias respiratórias para a vida
criando caminhos sem deixar pistas
compondo voos e mergulhos e descrevendo visões
que nem mesmo drones alcançam
A paisagem marinha se estabelece
Há sempre novos peixes e corais brilhando um sol
que reverbera seu ouro movente pela areia:
serpentes de luz que jamais se cansam
de refletir subterfúgios para fugir de um céu distante
A atmosfera da criação é rarefeita
Ali não há fôlego ou gravidade
É necessário aprender tudo de novo
Perde-se o tapete sob os pés
para herdar o mérito das asas
de todas as conquistas espaciais
através da própria carne
movida assim pelo pulso sem métricas
rimas, notas ou epitáfios
Que eu possa finalmente taconear sobre o tablado
e imprimir meu selo na poeira do destino
que me fez saltar das entrelinhas
e criar meu próprio ritmo dentro do seu avesso
seguindo o ineditismo de outros versos
que trilharão depois mistérios de outra ordem
cuja lógica as veias não sangram
cujo grito resignado solta a garganta ébria dos ciganos
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