quinta-feira, 21 de abril de 2022

A Voz da Floresta


A Voz da Floresta


O zíper indômito da alma

desconstruindo o vinco da máscara,

dos rótulos e dos vínculos,

desvenda um selvagem inocente

que vive aqui dentro,

desconhecendo o limite claustrofóbico dos muros

e que respira num só trago

toda a emanação úmida da floresta.


Assim, internamente nu,

vestido apenas de amanhecer,

ele sai para conquistar o leito de rio

que o conduz até um mar

sem regras e frações de tempo,

onde tudo acontece simultaneamente

e tudo se congrega, compreende e se acalma

e o profundo se enxerga intacto feito dia.


Com o vasto oceano destilado no peito

seu coração é um sino dobrando a liberdade

em que a luz incide o princípio

de poder andar descalço para sempre

porque o solo foi agora consagrado imortal

e os deuses voltaram definitivamente do naufrágio

trazidos por aquele que domou a volúpia das águas

e transformou os peixes em pássaros que respondem.







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