quinta-feira, 27 de julho de 2023

A Pérola Negra

A Pérola Negra


De binóculo sob o céu

um homem só, diante do mar.


E o mar que se vê nunca é o bastante.


Quando o olhar alcança o mais remoto de sua extensão,

além da ilusão do horizonte visível

um absoluto continua distâncias que lentes não concebem,

milagre que não vemos, certeza onipresente que não permite

adiar a viagem por um segundo sequer.


Era uma vez um geômetra clarividente

que enxergava a mentira das proporções nos mapas

indicando o tamanho de países e continentes.


Enquanto isso

o sol que brilha sobre o movimento das águas

cria serpentes móveis de luz nas areias


Pinctada margaritifera e a náusea do nácar:

uma resposta iridescente…

O Belo sempre a postos,

alerta através do conflito.

Tal é a viagem e o mar sem leis

onde nem todos os barcos têm nome ou subtítulos…


Uma ostra de lábios negros cantava

que o divino é um mergulho para o alto,

sagrado pelo oceano a que sempre pertenceu:

vida de voos traduzindo o coração em suas asas.


O pássaro é a cor do instante.






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