A Pérola Negra
De binóculo sob o céu
um homem só, diante do mar.
E o mar que se vê nunca é o bastante.
Quando o olhar alcança o mais remoto de sua extensão,
além da ilusão do horizonte visível
um absoluto continua distâncias que lentes não concebem,
milagre que não vemos, certeza onipresente que não permite
adiar a viagem por um segundo sequer.
Era uma vez um geômetra clarividente
que enxergava a mentira das proporções nos mapas
indicando o tamanho de países e continentes.
Enquanto isso
o sol que brilha sobre o movimento das águas
cria serpentes móveis de luz nas areias
Pinctada margaritifera e a náusea do nácar:
uma resposta iridescente…
O Belo sempre a postos,
alerta através do conflito.
Tal é a viagem e o mar sem leis
onde nem todos os barcos têm nome ou subtítulos…
Uma ostra de lábios negros cantava
que o divino é um mergulho para o alto,
sagrado pelo oceano a que sempre pertenceu:
vida de voos traduzindo o coração em suas asas.
O pássaro é a cor do instante.
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