domingo, 6 de julho de 2025

Plêiades

 

Plêiades

 

Translúcida voz que vem dos veios

onde meus verbos refletem versos e rimas

de perguntas sendo as próprias respostas

em reticências e pontes ligando dois amanheceres.

 

A criação, que almeja reflexos

a exemplo de imagem e semelhança,

busca no barro a divindade respirada

e no lago, a placidez do céu impressa.

 

Assim, o mar reflete o alto

para os argonautas de régua e compasso

e o mastro como obelisco rege o firmamento:

rito de incineração e passagem do humano para o mito.

 

Mísseis não podem apagar estrelas...

 

Enquanto sereias induzirem ao naufrágio

eles atravessarão a noite na constância de seus remos,

surdos à ilusão silenciosa do abismo,

heróis confrontando enigmas apenas pelo suor de sua lida.

 

Essa mensagem se auto apagará no prazo de validade,

mas a saga que ungiu seu tempero de vida entre as ondas,

permanecerá no sal do tempo,

diluída entre as estrelas e os deuses sempre alertas,

entrevista num dorso adamascado de breu e oráculos.

 

As constelações marcarão rota e hora

na aurora das canções imaculadas que eles trarão,

frescas e tenras como no primeiro dia do Gênesis

quando um gosto de Deus andando sobre as águas

permeava tudo, esperando as garatujas, borrões e andaimes

de ninguém menos

que Michelangelo Buonarroti

cumprindo tudo à risca, devolvendo horizontes.


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