domingo, 16 de fevereiro de 2014

Cinco Elementos para Cinderela - III



A Abelha e a Cigarra


Assim a vida nos oferece seu fel biliar

que a coragem destila em néctar de redenção tempos depois.


Por vezes não há como envergar o vinco deixado

como pista para que se continue a estrada.

Come-se o pó da rua descalça e cospe-se adiante um tijolo

e que será a fundação de um alicerce por iniciar-se

num futuro nem sempre remoto, 

quase sempre mais surpreendente e melhor

que os últimos precipícios de resguardo!


Meu sangue é meu preço. Veias que saltam o garrote que tortura.


Já não trago o gosto hemático ferroso na garganta

que tanto gritou às estrelas de outros dias.

Mesmo a beleza da paisagem parecia envolta por um véu à minha frente.

Sequei as lágrimas no tecido e vesti os óculos de acordar.


Após uma congestão de maresia,

a vida sabe às vezes a champanhe gelada de consolo.


Mas estalei pouco a pouco minha revivida casca de cigarra

pra cantar a primavera das flores novas que surgiam.


Pavio aceso

canto conjugado em explosão de mil versos

perante um exército cego de formigas dos meus medos.

                                                                          Ein Karem 16.02.14










































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