O
Leão de Dentro
a Radha Vasumathi
a Radha Vasumathi
Comecei
a mergulhar naquele limbo
entrando
devagar no palácio de espelhos
como
num purgatório
que
doesse um paraíso a cinco minutos
sempre
por ser alcançado.
Mesmo
a 200 km por hora
a
larga sucessão de horizontes
perde o fôlego panorâmico nas retinas incansáveis.
Que
liberdade paralela
me
funde ao nada e ao já-no-enquanto?
Só
o tutano do espírito
capaz
de vibrar seu princípio a cada instante
compreende...
Medo
de pular as entrelinhas?
Saci
bissexto em dia de domingo
adianto
a pólvora dos relógios
alcançando um dia útil que permita
incendiar
de uma vez por todas
a
roça de milho e tecer tranças cegas
nas
crinas dos cavalos selvagens do destino
virando
o folclore pelo avesso
para estabelecer um vínculo imediato
e
impávido
com
a próxima página.
Nômades
não têm pretexto, decididamente.
Tudo
é motivo para partir
mesmo
que não se conheça o itinerário
e
a única coisa a conferir
seja
a eventual falta de combustível
para
prosseguir adiante
totalmente
na contramão
em
estado de alerta.
Adiante
no avanço das horas!
Ainda
que não se adivinhe o conteúdo
ou
se conte quantos quilômetros faltam
para
trocar definitivamente as lentes
e
subverter a paisagem de uma vez por todas.
A
estrada é só o que conta
para
intermediar a meta
e
a percepção da viagem para dentro:
hélices
que o tempo afronta.
Saber
dos tutanos do espírito...
Com
um espinho de gelo no coração
parto
em nômades comícios
para
dentro do silêncio
que
derretido pelo calor resignado
deixará
uma brecha
para
que o sol penetre a aorta
e
disperse toda sua luz
pelo
meu corpo então aceso:
Completo
farol para as estrelas!
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