Guarda o coração, esse tesouro,
não como baú de segredos
mas uma chave-mestra que possa abrir todas as portas
e ultrapassar tanto degredo
daquilo que nunca foi tragado pela distância.
Séculos ocultos em caixas de Pandora
seriam um colapso à arquitetura fria dos relógios.
O visível é apenas um repertório de mentiras
que o mundo desfia num rosário de miragens sôfregas
e os homens imprimem ao longo de sua história
paramentados em cega liturgia de ruídos.
O cenário do paraíso dispensa muros na paisagem
tudo está perto e palpável como no primeiro dia dos mundos
sem nada que separe a cálida surpresa da aventura
de sua realidade suprassensível aqui: pura fábula!
(Entre um pulsar e outro
o miocárdio abriga em seu útero livre
a possibilidade de todos os aeroportos!)
Um rio que já tivesse cumprido seu fado de oceano,
tudo às avessas, como séculos ocultos em caixas de Pandora
sendo um insulto à arquitetura fria,
ainda que magnânima, de todos os relógios!
Big
Ben
Big Bang
Tanto faz!
Intermezzo:
Ela cantou:
O tempo não volta: enlaça!
E ele em baixo contínuo:
Amor que não estanca, abrange!
Luz através das varandas!
(Cena do Balcão em Romeu e Julieta)
Intraduzíveis sentinelas
da grandeza do espírito
que não conhece tempo, espaço, vida ou morte
os livros sagrados são cantados,
na busca da irreproduzível linguagem do eterno.
Ariadnes em prelúdios
intercedam fios nessas meadas de presságios,
contos de fada à guisa de faróis,
e deuses que nos mantenham neste mesmo porto
de nenhuma conclusão,
onde o pensar em qualquer partida
já é em si mesmo uma conquista
e o tratar de ser luz, seu único parâmetro.
Enquanto isso, berbere
atravesso tudo a pé, tamaxeque
num voo rasante pela amplitude do vale
triturando uma nova poção mágica
para extrair todos os fôlegos num só golpe:
Tablacadabra
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