Alma
Mater
Unidade,
mãe de múltiplos filhos!
As
estrelas são assim mesmo,
quietas e insubstituíveis num céu intrínseco,
um
abraço
de distâncias
com
o mar de
luzes no
peito em
grito aberto
ciranda
contínua de onde viemos e estamos.
Sem
outros mapas que não abismos de estrelas para onde voltar.
Cartógrafo
amador, quantas vezes errei os cálculos e as fórmulas
apenas
por temer minhas neblinas!
Mas
os faróis sempre perdoam...
Enquanto
houver terra e mar
alternar
navegação e retorno
tornou-se
um mito vivido em segredo
tradução
prévia de um ciclo maior e mais tangível
que
nenhuma babel pode transpor em alturas.
O
trânsito na superfície nunca ignorou
a
rota abissal que, turva, meu lastro viu o tempo todo em escafandros,
papiros
de
lembranças onde o
compasso
persiste
como
um anzol da clareza que inevitavelmente me fisga
e
nácar
que torna possível a sede almirante
de
partir
que
oceano nenhum sacia nem nega.
Eu
me atrevo
mas traço planos frágeis em
barcos de papel
enquanto
meus piratas cometem pesadelos em pilhagens
contra
meus sonhos que nunca dormem e jamais naufragam.
E
quanto mais me arrisco, mais salgada fica minha viagem.
Tudo
passa excessivamente do ponto,
da
compreensão mais insípida
à mais salobre ignorância.
Assim, rota hipnótica do navio
num
mar sonâmbulo que se acredita constelação
persegue
os astros esquecendo os bancos de corais.
Encalhar
nos arrecifes é muitas vezes a possibilidade
de
conquistar o continente que os muezins não viram antes.
Lágrimas
abissais, suor abissal,
coléricos
ou sanguíneos humores que transcendem métrica e rima.
Tudo
custa!
As
estrelas são a nossa única grandeza.
A
epifania, a realidade mais justa,
aquela
que traduz a babel imposta e espessa da lei dos homens
num
léxico diluído página a página nas entrelinhas:
o
cotidiano como a mais possível liturgia
gritando
jugulares e cães
soltos na garganta.
Não
ditei receitas fleumáticas de viagem.
Medi
todas e testei in vitro.
E
foi assim que o laboratório explodiu naquela tarde,
como
num filme de Antonioni
enquanto
Pink Floyd.
Ciranda
Ao
final, mar e céu nada mais são que uma mesma e intrínseca verdade.
Não
há outro mar que não abismos de estrelas.
Tudo
está muito perto. Nosso binóculo ao contrário
é
que insiste em ver a paisagem na contramão.
Toda
ascensão é para dentro.