segunda-feira, 23 de março de 2020

Plânctons

Plânctons


Após explosões inevitáveis,

junto os mosaicos em estilhaços pelos corredores.

Há sempre um vitral para ser atravessado pelo sol.


No crisol, tudo entra na mesma combustão.

Luzes ou trevas vão para os guardados

do alquimista silencioso.

É a única certeza no laboratório dos dias.


Ultimamente, os vapores de enxôfre

têm feito a alma cantar vários prelúdios

enquanto jornais desafinam as manchetes do absurdo

em lápides frias calando um futuro que ainda dorme.


E jamais estou fora do tom!


Repito chaves para abrir portas legitimamente inéditas

e o sol invade então a casa inteira com o ímpeto de um samurai

rasgando ao mesmo tempo a expansão de todas as janelas

ainda que seja para um pálido amanhecer acima dos muros.


Ali, escreveram num grafite um dia desses:

Uma só réstia de claridade pode iluminar o mundo


E as sombras prescreveram e fez-se Luz!


Quando cheguei, antes da chuva

retirei-me antes que as sementes germinassem,

não tendo tempo ou chance de ver as flores de plâncton

surgindo da escuridão inflamável no breu do asfalto.


Inundei a insensatez das alamedas

conspirando com o musgo na pavimentação

porque minha fé cria ondas por onde passa.


Quis construir caminhos por entre florestas

sem a opressão intrépida dos semáforos

e envenenei o mundo em alcalóides

destilando o conteúdo deste canto nas paisagens

porque horizontes também são largos abismos

que ultrapassaram o padrão obsoleto da linha vertical.





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