Plânctons
Após explosões inevitáveis,
junto os mosaicos em estilhaços pelos corredores.
Há sempre um vitral para ser atravessado pelo sol.
No crisol, tudo entra na mesma combustão.
Luzes ou trevas vão para os guardados
do alquimista silencioso.
É a única certeza no laboratório dos dias.
Ultimamente, os vapores de enxôfre
têm feito a alma cantar vários prelúdios
enquanto jornais desafinam as manchetes do absurdo
em lápides frias calando um futuro que ainda dorme.
E jamais estou fora do tom!
Repito chaves para abrir portas legitimamente inéditas
e o sol invade então a casa inteira com o ímpeto de um samurai
rasgando ao mesmo tempo a expansão de todas as janelas
ainda que seja para um pálido amanhecer acima dos muros.
Ali, escreveram num grafite um dia desses:
Uma só réstia de claridade pode iluminar o mundo
E as sombras prescreveram e fez-se Luz!
Quando cheguei, antes da chuva
retirei-me antes que as sementes germinassem,
não tendo tempo ou chance de ver as flores de plâncton
surgindo da escuridão inflamável no breu do asfalto.
Inundei a insensatez das alamedas
conspirando com o musgo na pavimentação
porque minha fé cria ondas por onde passa.
Quis construir caminhos por entre florestas
sem a opressão intrépida dos semáforos
e envenenei o mundo em alcalóides
destilando o conteúdo deste canto nas paisagens
porque horizontes também são largos abismos
que ultrapassaram o padrão obsoleto da linha vertical.
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