O Vale da Bateia
Plantando mares e céus
com sete pinceis riscando o arco-íris
em malabarismos de uma ponta à
outra
e mais um tesouro escondido!
É subcutâneo, mas alcança
nuvens
do colo morno e sábio de braços que não dormem jamais
em segredos acordados à luz de todas as manhãs...
Depois, elas se abrem em pandoras e pérolas
e as montanhas sorriem beijos iluminados
de um mesmo sol multiplicando-se em astrolábios
e nas entrelinhas, o céu azul em precipícios
como pináculo maior que definitivamente mói meu chão.
As verdadeiras gemas preciosas correm mesmo é pelo sangue
de quem garimpou cada célula na escalada de um universo sem
fronteiras.
O garimpo é assim,
em pleno pântano
driblando os crocodilos para
trazer os lotus à tona,
mergulho para a redenção de
todo lodo
teleguiado pelo escafandro da
nudez.
A compreensão desse limbo
talvez aconteça mesmo é pelos vieses,
serena e bela, como carpas
coloridas
adivinhando-se entre musgos e
reflexos na água
de um sol na transversal
incidindo redes moventes
num leito de areia onde luzes
dançam.
Pirotecnias e fogos de
artifício são nada quando se trata de almejar estrelas!
O mundo, sempre carente de transfusão,
permanece fiel à sua hemorragia debochada,
colado contra a parede como um prego que tenha errado de cruz
e perdido seu cristo.
Na divisa do Sinai com o Mar
Vermelho,
fronteira entre a sede e o navegar
quis trocar pedras do mar
pelas do deserto e vice-versa,
para que se encontrassem
finalmente num êxodo
que não trouxesse para dentro
de casa nenhum refém.
Definitivamente não apanhei
nenhuma concha,
ainda que fosse a mais bela
que encontrasse.
Hoje, todos os seixos que
trouxe de vários lugares
misturam-se e confundem-se
num ecossistema sem pistas que
jamais previra em artimanhas
no seio da minha sala,
réus numa redoma de vidro.
Assim também as folhas secas
guardadas dentro dos livros,
como lembranças de bosques e árvores
diferentes
são hoje mapas de esquecimento
sem hierarquia
embaralhando geograficamente o
que meu coração revelou
e um raio de ilusão quis
inventar por descuido
amarelando na prateleira
como se vendesse um sonho
inquebrável de ampulheta
cuja areia variou de uma extremidade
à outra
sem nunca encontrar a
liberdade de uma praia que lhe atendesse.
É invariavelmente do meu peito
que o mar começa.
Tudo mais são ondas que
passam.
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