domingo, 16 de junho de 2013

Canções para os desertos sem arestas



Wadi Rum

                                                          a Leonardo Mesquita


O vento tem histórias para contar

e sob as estrelas, somos todos crianças iluminadas.

Há muito tempo quis falar com as pedras,

adivinhar-lhes a sabedoria sólida e submissão ao tempo.


Mas falhei. Não ouvi as histórias do vento em sopranos,

não fui criança nem luz e amarguei a areia da vida

trincando nos dentes um gosto de pó.


Mas quando vi o deserto...

Sua dança extática de amplitudes...

Quando vi o deserto fui menino de novo,

adivinhei nas pedras o rosto de cada esfinge

e sorri porque não podia dizer mais nada.


E comigo o deserto sorriu um calor por dentro,

abraço de não se poder terminar, um beijo para sempre,

amado Wadi Rum!

E um deserto interno então foi descoberto.


Não há como traçar mapas na areia

mas eu trouxe comigo as pegadas dos beduínos,

trouxe a areia das dunas nos sapatos

nos caminhos que se mesclavam e onde eu encontrava

todas as respostas na sola dos meus pés descalços de perguntas.


A lua era nova e as estrelas lidas como puro dia

num céu negro de luz.

E assim o grande Wadi Rum permanece

pulsando agora mesmo neste peito aberto de criança,

trazendo seu coração magnífico

num brinquedo de corda do tamanho de um país

que a memória não se cansa de reproduzir

além do tempo que o sal da areia ainda preserva em suas tintas.

                                                                                  

                                                                               




Cadernos de Viagem


Recurso


Repousam no meu peito

duas mãos postas em oração de segredo.


E o ar rarefeito das atmosferas em transe

traga o sublime numa fração de segundos.


Anjo que traduz nas entrelinhas

revela agora a trama de tantos verbos sem rima!


Revela o amanhecer em nós,

o alvorecer de cada momento,

a conversão de toda a primavera

na flor mais doce

na flor mais simples

do jardim que plantei um dia

por descuido, por certezas

de que as sementes gerariam versos

e alimentariam a sagacidade dos pássaros

decididos a voar para bem longe

muito além de onde o ruído da matilha

pudesse alcançar o fugaz abstraído das nuvens.





Nome aos Bois



A ferro e fogo

tenho impresso pegadas

e farejado pistas por onde passo



Mas nada posso predizer

com as marcas pelo avesso



Não se pode trilhar a esmo

o percurso que as estrelas nos deram

num destino em fogo olímpico aceitado



O preço desse itinerário

é conseguir acender o vulcão adormecido

e esperar serenamente o próximo porto

para depois acenar adeus às sereias que encantam

e pisar terra firme em pleno voo





A linha vertical do tempo



O segredo não está no solo mas no espelho

e mesmo nele, o que é esquerdo vai do direito

e a gente acaba sempre numa contramão

costurada pela pista do tempo,

vestindo pierrots em arlequins convertidos.



Risos de soslaio...



Era uma vez um baile de pervertidos

seguindo os passos como numa canção

até que tudo virou nada, não se sabia se tango ou duelo.



O fato é que ele cometeu rumos contrários

e ela entrou sozinha numa canção

permanecendo louca nos estribilhos,

bebendo do refrão como num eterno retorno

repetindo a musa que sempre fora

num destino sem eira nem beira



Assim, transformei as tramas desse enredo:



Era uma vez

um baile de pervertidos

seguindo os passos como numa toada.



Ele, virou a música que ela gostava.

Ela, é claro, entrou de cabeça na canção.





Emblema


Recursos do meu peito

escondidos numa paleta;

as cores à mostra mas lá dentro, nos sobretons.


Vozes que se levantam

muitas vezes pelo avesso,

o sempre avesso!


Qual canção então poderia cantar

para um novo inverno?

Invento um mote:

Se a face mecânica das horas vacilar,

faço um inferno!


Subo então direto para o céu

sem perspectiva alguma de ascensorista.




Teorema



Um dia meu Príncipe virá,

uma brisa em seus cabelos,

o universo no seu corpo

e um beijo prolongado de despertar

após um sono de mil fábulas.



Então todas as noites serão dias

e a eternidade repousará todas as manhãs

emergindo sublime na luz brilhante dos seus olhos.



No Paraíso ao lado

um Buda sorri quieto

de todas essas histórias

(segredo vivido de não se contar)



                                      




Histórias contadas


Alguém filtra as notícias que a rua grita.

Sou apenas mais um que não eu mesmo

procurando a esmo um rosto no espelho

- intimidade em efeito de reflexos.


Raios partam enfim esse sortilégio

e fixem sua luz dilapidante

para que um mínimo sorriso

possa contar de toda dor do circo movente

e do resgate providencial do palhaço.


Antes não havia nada.

Agora em cada velha esquina

surge um anjo itinerante

(e ele sempre esteve ali).


Sou apenas mais um rosto

que não eu mesmo.


Mas a voz desse palhaço

que ouço em noites de chuva

como o trompete de Miles Davis, conta tudo.

Então eu tento de tudo,

provo de todas as receitas para ser feliz sem perder o ponto.


Um dia prometo que conto

todas as estrelas do céu

só pra depois enfeitar o circo com elas

feito um bolo de amor e chuva de se comer aos poucos.





Romance

a Ora Goldfriend



A valsa do nosso encontro

surgiu numa despedida

num baile de máscaras

onde ficamos nus no final

eu e você

dançando alheios à paranoia dos espelhos

correndo o salão como numa pista de gelo



E a orquestra tornou-se então

junto do nosso Amor

sua própria música e quem



E já não éramos então nós mesmos



Em uníssono

fizemos do nosso sonho o próprio baile

e da noite que corria solta

o universo que simplesmente brincava ao nosso redor

sem o peso das catracas,

sem a gravidade das sombras




Termo


Vestir o casaco de ovelha negra

como quem pressentisse um fim.


O mar desta vez

mais perto do naufrágio!


As bússolas, todas ao contrário

não esclarecem a hora e a passagem

e o degredo continua a ser sempre

o porto mais próximo de nenhuma conclusão.


Vestir a aventura sensível

através da neblina

sem ocupar os binóculos do tempo

nem omitir as tempestades à risca.


A busca do segredo muda

enquanto ele permanece o mesmo.


Não há faróis em alto-mar.

Tudo brilha.



O nível de uma certa nudez


Faltam-me os verbos

e o registro dos sonhos conjugados.


Trouxe por isso

esta tarde possível entre meus dedos

neste brinquedo que entardece uma dose do poema.

A poesia por um breve momento mais vivida do que escrita.


O pequeno milagre da invenção

suplanta em milênios os degraus obtusos da Torre de Babel.



Canções para um novo inverno




Tuaregues e castelos de areia

O deserto tem segredos para contar.
Há muito tempo havia um mar aqui.
O trabalho a fazer é transformá-lo em oceano outra vez...

Quanto mais próximo se chega
Mais o calor e a aridez aumentam.
Sem ondas. Apenas dunas.
Mas não se iluda com as estações!
Vá para o meio da terra árida
Brincar com castelos de areia como numa praia,
Seguindo pegadas como num deserto...

Qual oásis pode ser verdade?
Como discernir miragens que encantam à primeira vista,
Iludindo meu coração com promessas de delírio
Para depois, cegar meu desejo tuaregue
Com areia cruel e sede impiedosas?

A viagem deve ser feita a sangue e suor
Para traçar o rastro luminoso nos caminhos...

Sujo de areia e sedento mas livre de ilusões!

Queria transformar este destino trôpego por mim mesmo,
Tornar as coisas mais fáceis nesta caravana...
Mas não posso!

E esse oásis, se por acaso encontrá-lo
Será apenas um descanso para os camelos
E alguma boa música noturna dos beduínos
Antes de prosseguir a viagem através do destino, em pleno deserto.

A vida é apenas uma nota nas cordas da harpa de Deus.
Nós continuamos. Como a música.

Às vezes a vida é um jogo
E as peças, feitas de areia.

É necessário considerar a umidade relativa do ar
E estar alerta aos ventos do sul que possam inesperadamente
Alcançar esse tabuleiro.

Peças feitas de areia se desvanecem no deserto como ilusões finalmente se vão...
É uma sina sobreviver dia a dia
Com a frescura do sempre novo e terno tempo...
E repetir o nome de Deus como o primeiro beijo na amada
Dormindo ainda a meu lado sob esta palmeira num dia ensolarado.

A vida é hoje. Tudo mais é pura especulação imobiliária.



                                                                      2007




Duas Canções para Milarepa




I

Mahamudra


Aqui, dois pássaros pousaram

Dois faróis. Duas estrelas.

A espiral do tempo dispersa numa nuvem que se esvai...

Dois pássaros voando eternamente

através da luz sem tempo ou espaço.


E o voo

não é mais a conquista do ar,

o ruflar de asas

ou o olhar altivo sobre a geografia do vale.


Voar significa também a quietude do ninho,

o pouso mudo sobre os mais altos ciprestes,

o repouso morno na terra ardente num dia de verão.


Dois pássaros voando mistérios em claro enigma...

Hieróglifos que as ondas desenham e apagam

e a areia da praia esquece,

porque nada há para ser lembrado.


Dois faróis. Duas estrelas.

Luz que cala noite ou dia,

qualquer noção a respeito de existir:

Gesto que tudo contempla e abrange.



II

Dharmakaya


Mais perto do céu que de costume

minha alma transborda e latejante,

imita como um coração apaixonado

o movimento das estrelas mais distantes.


Mais perto do céu que de costume

um anjo traga num sussurro

meus versos ao alcance como um beijo.


Mais perto do céu que de costume

os astros dispersos sobre minha mesa

posta para a toalha da noite.


Mais perto do céu que de costume

trouxe a lua hoje para dentro do meu jardim

até que ela mude para outro signo

e eu, por minha vez, faça a viagem de regresso

para dentro do sol.



Jerusalém


Jerusalém



As torres dos minaretes

acima das espirais de fumaça de âmbar e mirra

apontam a direção dos céus em obeliscos roubados

enquanto o coração dos homens permanece claustrofóbico

intrigado e encalacrado em suas teias.



Jerusalém de sempre para nunca mais!

Almádena vibrando eternidades do alto de suas colinas,

velha cidade onde emoção e sentimento se calam

e o tempo é uma mensagem de lodo submersa em cada pedra.



Poderia decompor sua vida em desalinho

como um poema loucamente desordenado

com as rimas ao avesso num compasso de algemas

procurando em dominós a resposta equivalente de existir

frente a vertigem do tempo nas ladeiras e dos precipícios

numa descendente inevitável e que sempre foi assim.



Mas este é um poema que emudece na máscara de mil vozes

quando os ecos respondem chamando à oração e ao retorno

cinco vezes ao dia, incondicionalmente...



Jerusalém que também se cala resignada à fé que permeia suas ruas,

sangue percorrendo escadas e vielas para despertar no coração cansado

das grandes mesquitas e na massa humana que preenche cada centímetro

onde Deus é uma compreensão coletiva e um sentimento ainda possível.



Al-Aksa é dentro de você.











Exílio


Do ponto mais alto em Apollo


Longas espirais formadas por vinhedos, montanhas e planícies

são meu abrigo, caminho distante que me traz mais para perto

e me lembra a dimensão divina da minha alma latejando.


Assim também a pequena erva que oscila alegre

pelos caminhos da próxima colina e as pequenas borboletas ocres

são uma face plácida do rosto de Deus aqui.


Batem os sinos as seis horas da tarde,

uma prece que agora cumpro sem palavras

e que mesmo os mais belos poemas não ultrapassam.


Canto a vida que fora agora se celebra

e este silêncio anunciado que dentro se prontifica.



Raga


As cordas deste instrumento, belas e alegres

como o som dos grilos que surgem todas as noites,

encantam estrelas quietas repetindo o céu absolutas

na lucidez fria dos lagos ao redor.


Houve um tempo em que não toquei

para depois poder me perder em mil canções.

Hoje a música visita um universo entre meus dedos.

Respiro o sol e ele me sorri ecoando aqui dentro

e refletindo quieto o dia que minha alma canta

como um outro lago traçado nas notas da paisagem.



As nuvens incomuns num céu de Agosto


Nuvens incomuns num céu de agosto.

Meu coração que ansiava nestes dias

por um entardecer avermelhado

bateu junto com o sol em brasas

pondo-se atrás dos grandes carvalhos da colina.


As árvores suspensas sobre um tapete dourado de folhas

que o verão impiedosamente seco transforma

em efeitos de uma visão que flutua em têmperas.


Assim também calam-se as supostas vozes da minha floresta

Porque todos os pássaros decidiram o destino da paisagem.


Acima de mim o universo sideral.

Quem sou eu aqui parado se não estiver presente a tudo isso?

Vultos negros de pinheiros e palmeiras

contra um fundo azul perdidamente encontrado de estrelas.



Emaús


Quem são estes dois homens caminhando pela estrada?

Levam bagagens no escuro mas parecem

voar pela noite sob um céu de mil estrelas.


Quem são estes dois homens como duas rimas

percorrendo a estrada como num poema?

Para onde vão nesta madrugada?

Pássaros noturnos transportando o dia,

conversando vivamente como se não dormissem jamais.


A pista é estreita e eles continuam amplos.

O tempo é contado e eles sorriem mistérios.

Nenhuma dimensão confunde

seus passos precisos que vão para onde.


Preciosas pegadas ficarão quando o dia amanhecer.


Outros perguntarão:

- De quem são essas marcas que algumas vezes se mesclam

e parecem ser apenas uma?

Como dois versos rimando ao longo da estrada

dizem que vão para dentro,

vindos de uma jornada ao longo do dia.

Enquanto isso a lua amarela

beija o lago frio da madrugada

e deles, não se sabe quem vai ou quem fica.


Ainda que duas asas jamais se encontrem

elas pertencem ao mesmo voo

e fazem voar o mesmo pássaro




Oração para um céu de outono


E talvez o que de mais real possa dizer

seja sobre o reflexo do sol através das folhas

dos plátanos deste começo de outono,

tornando-as transparentes e translúcidas:

mosaicos de luz e clorofila num final de tarde.


Que meu coração, uma folha na Arvore da Vida

tenha a quietude necessária perante todas as estações

e saiba secar quando chegar sua hora de inverno

e florescer na devida primavera

para voar no outono e ser semente de outro mundo:

anjo sem tempo vestido de natureza algum dia.


Que eu possa ser simples como um céu

com a grandeza interior de um Cheyenne

e sublime como a última estrela e a primeira,

apenas astros que brilham e mais nada,

sem qualquer hierarquia priorizando os holofotes.


Que meu amor, como um pomar após sua colheita

saiba contar sobre cada centímetro de terra para depois esquecê-la,

ocupado apenas em germinar novamente e amar ainda mais

quando a chuva, voltando, vier me lembrar de ser feliz.



Autorretrato


Poucas histórias poderia contar.

A maior parte delas seria inenarrável e a melhor de todas

fica disponível neste instante de verso que transgride

o acaso de qualquer canção que pudesse atravessar.


Poucas histórias narrariam

a subida e ao mesmo tempo os tropeços

deste pequeno gólgota que tem pulsado firme

ao vento e sombras de uma música sem limites

partindo direto para alguma suposta ressurreição.


Precisaria do matiz rubro de mil tintas negras

para contar do sangue e da derrota confinados

apenas para compor um hino bélico onde não houvesse luto.


Hoje há apenas uma doce canção de paz que me acorda

colhendo pequenas e anônimas flores pelos caminhos da vinha

em monossílabos que suplantam universos

a cada teorema proposto.


Que mais resta a dizer se me despi?


Anjo ao acaso e sem tempo,

olho a trajetória das aves que neste inverno surgem

rumo a outras novas matemáticas de vento sem palavras.


Entrecortado neste amargo adeus há algo que migra

enquanto outra parte se redime num país sem estações.

Aqui todas as fontes são de eterna primavera

e os pássaros, dádivas livres de todos os verões:

Encanto sublime de toda revoada

aberta para o sol de todos os trópicos



Adágio sob um céu de cobre


Sob o teto de um céu cáustico e entorpecente

errei a porta todas as vezes

e não encontrei senão os desertores dos oásis prometidos

parados na Praia da Conquista

e a água procurada, distribuída entre os degredados em pleno meio dia

hora em que o sol não projeta sombras

e os culpados se ocultam na massa disforme

desse exército covarde em sua guerra de reflexos.


Não se ensaia um tango consigo mesmo por engano fardo

nem da morte se prescrevem imediatas receitas

se dela sempre um inédito fato se anuncia

entre as hordas de tuaregues acontecidos desta caravana.


Mas um homem de Deus é eleito enfim

para ascender em seu convívio por destino aceito.


Bordei numa colcha de cetim nesta manhã de domingo

todos os retalhos tortos do que aprendi hoje cedo.

Preguei botões de prata nas casas do medo que senti ontem

e desfiz o nó de várias velhas gravatas coloridas

num brechó de palhaços que encontrei aqui ao lado.


Quando olhei firme pela janela do firmamento neste outono

vi os mesmos cegos parados no porto sem nenhuma conclusão...


Enquanto eles discutiam o próximo acerto de inverno

uma onda sussurrou abusada

o melhor passo a retroceder: dali mesmo!


Não sei o que isso pôde dizer à sua noite de febre duvidada;

há males que vem para o bem:

Os danos do ultimo Dilúvio

Lavaram a urina dos muros



Ciranda Muiraquitã

                                     a João Guimarães Rosa


Era uma vez uma concha que abrigava em seu íntimo calcário

toda a imensidão do oceano em noites de estrelas.

E os navegantes incautos que tocaram sua superfície branca

ouviram as histórias de ondas e mares distantes

que sua voz de tímpano contava

sobre marinheiros de ébano curtidos a sol e sal

em sua bravura de beleza embriagada.


E a concha abrigava em seu íntimo todos os sete mares

e a imensidão dos olhos do menino que lhe encantava mineral, o fado.


E contava o menino aos almirantes a postos

da concha que era o próprio mar em que estavam e ouviam...

E em suas canções de criança todos os oceanos eram resposta clara

à sua voz de Arcanjo Gabriel quando chamou Maria.


E todos os oceanos a postos se continham gotas

no interior da concha acústica de cálcio. Puro desejo.


E vai que um dia o menino acorda em outra concha

por direito de lenda ser e agir de acordo.

E a concha...


Mas qual delas, diria o poeta para além da história

com sua voz marinheira, também de anjo...


Dizem que mesmo em sagas assim difuso

um deus movido a sol e sal

mostra-se Rei. E é tudo.


Pouco sabemos da natureza fugaz da criança

que tece mistérios que nem o mar comporta.


Mas sabemos o gosto do Absoluto

de sabor inconfundível, fantástico e exato.


Além do mais, ele era boto, almirante e Netuno.

E era menino, sabia tudo.