I
Mahamudra
Aqui, dois pássaros pousaram
Dois faróis. Duas estrelas.
A espiral do tempo dispersa numa nuvem que se esvai...
Dois pássaros voando eternamente
através da luz sem tempo ou espaço.
E o voo
não é mais a conquista do ar,
o ruflar de asas
ou o olhar altivo sobre a geografia do vale.
Voar significa também a quietude do ninho,
o pouso mudo sobre os mais altos ciprestes,
o repouso morno na terra ardente num dia de verão.
Dois pássaros voando mistérios em claro enigma...
Hieróglifos que as ondas desenham e apagam
e a areia da praia esquece,
porque nada há para ser lembrado.
Dois faróis. Duas estrelas.
Luz que cala noite ou dia,
qualquer noção a respeito de existir:
Gesto que tudo contempla e abrange.
II
Dharmakaya
Mais perto do céu que de costume
minha alma transborda e latejante,
imita como um coração apaixonado
o movimento das estrelas mais distantes.
Mais perto do céu que de costume
um anjo traga num sussurro
meus versos ao alcance como um beijo.
Mais perto do céu que de costume
os astros dispersos sobre minha mesa
posta para a toalha da noite.
Mais perto do céu que de costume
trouxe a lua hoje para dentro do meu jardim
até que ela mude para outro signo
e eu, por minha vez, faça a viagem de regresso
para dentro do sol.
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