Jerusalém
As torres dos minaretes
acima das espirais de fumaça de âmbar e mirra
apontam a direção dos céus em obeliscos roubados
enquanto o coração dos homens permanece claustrofóbico
intrigado e encalacrado em suas teias.
Jerusalém de sempre para nunca mais!
Almádena vibrando eternidades do alto de suas colinas,
velha cidade onde emoção e sentimento se calam
e o tempo é uma mensagem de lodo submersa em cada pedra.
Poderia decompor sua vida em desalinho
como um poema loucamente desordenado
com as rimas ao avesso num compasso de algemas
procurando em dominós a resposta equivalente de existir
frente a vertigem do tempo nas ladeiras e dos precipícios
numa descendente inevitável e que sempre foi assim.
Mas este é um poema que emudece na máscara de mil vozes
quando os ecos respondem chamando à oração e ao retorno
cinco vezes ao dia, incondicionalmente...
Jerusalém que também se cala resignada à fé que permeia suas ruas,
sangue percorrendo escadas e vielas para despertar no coração cansado
das grandes mesquitas e na massa humana que preenche cada centímetro
onde Deus é uma compreensão coletiva e um sentimento ainda possível.
Al-Aksa é dentro de você.
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